Precauções evitam acidentes
fernando oliveira
Maria Leonor Paiva*
Num teste recente efectuado a 41 brinquedos, a associação de defesa do consumidor Deco encontrou 17 que não deveriam estar à venda, pela sua perigosidade. A denúncia, garante a associação, já foi efectuada à Inspecção-Geral da Actividades Económicas (IGAE).
Um problema velho, diz Isabel Vasconcelos, membro da Deco, que encontra, sempre que se realiza este tipo de estudo - com uma periodicidade bi-anual - brinquedos que falham em diversas normas de segurança.
Falham, na sua maioria, por conterem substâncias tóxicas, peças pequenas que se podem soltar e porque apresentam pouca fiabilidade para os dedos dos mais pequenos. Ainda na lista negra - conforme o leitor poderá verificar na edição de Dezembro, da revista daDeco, nas bancas no próximo dia 26 - estão os brinquedos envoltos, ilegalmente, num plástico não perfurado e com um perímetro maior do que 40 centímetros, representando risco de asfixia para a criança.
Com algum destes defeitos, a Deco encontrou - para citar alguns exemplos - os brinquedos Nenuco, da marca Famosa; o Action Man Operation Cuba, da marca Hastro; o leão, da Imaginarium; os elásticos para o cabelo, da marca Simba; o Animal alley, da Toys'r'Us; o quadro Pizarra metal, da Saica; o boneco Tito Gusanito, da Playskool, entre outros.
"Age-se muito pouco. Ano sim, ano não, fazemos estes testes e encontramos, sempre, brinquedos que não deveriam estar à venda. Há muitos anos que pedimos que a legislação seja mais completa, mas até agora tudo se mantém. É tudo muito moroso, age-se pouco", lamenta Isabel.
Símbolo CE nada seguro
Uma outra questão avançada pela Defesa do Consumidor prende-se com o símbolo CE, que deveria garantir a segurança do brinquedo. Contudo, adverte Vasconcelos, "é um símbolo colocado pelo fabricante, sendo que não existe posterior fiscalização, por partede uma entidade independente. Há anos que avisámos sobre esta problemática, mas também em relação a isto nada se alterou", esclarece.
De facto, parece haver alguma incúria no que diz respeito a esta matéria já que, por exemplo, os números mais recentes são de 1999. São dados da Comissão de Segurança ligada ao Instituto do Consumidor que registaram, repita-se, há cinco anos, mais do que quatro mil acidentes com crianças, entre os dois e os quatro anos, devido a brinquedos perigosos. De lá, para cá, estes valores não foram actualizados. Regressando aos brinquedos perigosos encontrados neste estudo mais recente, "a Deco denunciou a situaçãoà IGAE", revela a mesma fonte, acrescentando que pretende "que sejam retirados, imediatamente, do mercado".
Contrariamente, a IGAE declarou ao JN não ter conhecimento deste estudo e garante não ter sido informada "sobre os referidos brinquedos não conformes". Adverte, no entanto, que "não deixará de estar atenta e intervir, caso se confirme que os
brinquedos em causa não cumprem as normas legais. Certo é que, na perspectiva da Deco "a IGAE é sempre um pouco morosa no que diz respeito a estas questões". A Inspecção reclama, no entanto, o mérito de, em 2004, "já ter apreendido oito mil e 682 brinquedos com um valor de 32 mil e 543 euros".
Marcas surpreendidas
Mais sobre esta problemática será relatado na próxima edição da revista da Deco. De resto, ao JN, alguns dos vendedores destes brinquedos disseram não ter sido contactados pela Defesa do Consumidor e sentirem-se, como tal, surpreendidos.
José Oliveira, responsável da Toys' r' Us do Norte Shopping, em Matosinhos, afirmou não ter "conhecimento destes testes" nem da classificação negativa atribuida a alguns artigos por eles comercializados. "O Animal Alley é o nome de toda a gama de peluches, pelo que é díficil especificar qual é o peluche considerado perigoso", explicou.
A mesma reacção teve o Imaginarium, dizendo não saber a que leão se refere a DECO, uma vez que "existem na loja vários brinquedos que se encaixam nesse tipo".
*com Conceição Meirinho
E porque o Natal se avizinha e comprar brinquedos faz parte das obrigações da quadra, a Deco avisa para a necessidade de seescolher estes objectos tendo em conta a idade da criança a que se destinam, sendo que adverte ainda para a necessidade de se ler todos os avisos e instruções. A associação de defesa do consumidor apela a que o comprador peça, na loja, para se abrir a embalagem e ver o brinquedo. Depois, diz a Deco, é conveniente "passar a mão pelas arestas, pontas e bordos, para se certificar de que não magoam a criança". Por outro lado, avisa, não convém comprar a uma criança, que ainda não tem três anos, produtos com pormenores que possam ser, facilmente, arrancados, como olhos, rodas ou pêlos.Posteriormente, antes de dar o brinquedo à criança, é conveniente, diz ainda a Deco, abrir o brinquedo, certificar-se de que tudo está bem e anotar a morada dos fabricantes ou do importador.
Finalmente, deve ensinar-se as crianças a arrumarem os seus brinquedos em caixas, depois do recreio, já que é sabido que objectos abandonados estão na origem de quedas consideradas graves.
quinta-feira, 8 de maio de 2008
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